domingo, 6 de julho de 2008

Desesperança

Nossa ou dele?
Fomos chamadas para ir com urgência a uma pensão onde se encontra alojado um dos nossos meninos, uma vez que ele estava a provocar "estrilho".
Estava completamente alterado e agressivo verbalmente.
Alcoolizado, não se conseguiu levantar da cama.
A dona da pensão contou-nos que entrou na pensão levado por um outro hóspede e que trazia com ele um pacote de vinho.
Ele ... só pedia para o levarem para a rua. Queria ir dormir outra vez na rua!

Estamos a falar de uma pessoa com hábitos etílicos marcados há 17 anos e habituado a dormir num local imundo, fétido e extremamente perigoso.
Era gozado, insultado e mesmo agredido. Por último chegamos mesmo a vê-lo com marcas de pontas de cigarros nas pálpebras. "Foram os putos"- dizia ele.
Usando esta última "deixa" lá conseguimos alojá-lo numa pensão da cidade e passados quase 10 meses de abstinência alcoólica, clausura, aproximação familiar, ilusões e desilusões - voltou a beber. Porquê?
Apenas podemos deduzir. A família não está a tomar as devidas deligências para o ter de volta e no entanto ele só quer estar com eles antes da mãe ser velha demais e morrer. "Antes eu que ela."; "Se ela morre antes de mim eu morro junto."

Depois de muito conversarmos com ele chegamos à conclusão que era em vão. Que ele não nos estava a ouvir, que não queria saber.
Escolhemos ir embora e deixá-lo a dormir. Sabemos hoje, que mais nada havia a fazer na altura mas o desânimo estava patente na nossa conversa.
Sabemos hoje, que ele não se lembra de nada. Absolutamente de nada do que fez e disse.
Sabemos hoje, que o melhor que temos a fazer numa próxima vez (porque vai haver mais) é deixá-lo sozinho no seu quarto a dormir, com os seus fantasmas...

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