quarta-feira, 18 de abril de 2007

Estado da saúde

Sexo masculino, 32 anos. Recorre ao serviço de urgência de um hospital e é diagnosticado com uma doença que requer repouso permanente, elevação dos membros inferiores, medicação injectável a horas fixas e análises frequentes.
Atitudes?
- Alta para a rua com indicação de drenagem postural dos membros (em cima de um caixote do lixo).
- Carta para o médico assistente (não tem nem está perto de o ter).
- Injectáveis - OK - pode sempre pedir a um colega toxicodependente para administrar a medicação mas ... oops ... não é endovenosa, é subcutânea, e agora?
- Carta para entregar no serviço de análises clínicas às x horas de y dia. Sim, é porreiro, se ao menos o pobre o homem pudesse ler!
- Mais, toxicodependente. Onde? Quando? Quem?Porque? Bem o porquê é fácil: dorme na rua e tem ar de "maltrapilho"


Assim vai o nosso pais e a nossa saúde.
As necessidades das pessoas são descuradas face à sua condição e aparência.


Estejam descansados. Foi preciso um dia inteiro de trabalho e 3 elementos da equipa a trabalharem intensivamente para a situação ter um final com dignidade. Meia elástica, muleta, medicação administrada a tempo e horas, companhia para a realização das análises, um quarto para dormir enquanto a saúde não estabilizar, 3 refeições servidas. Nada mal!

domingo, 15 de abril de 2007

5 ANOS

5 anos decorreram desdes que começamos com a nossa aventura no voluntariado.
5 anos de aventuras, principalmente com o nosso meio de transporte.
5 anos de esperança, que tentamos de algum modo incutir nos outros.
5 anos de novidades. Porque todos os anos as novidades surjem para tornar a nossa intervenção mais e melhor.
5 anos de mudança, porque foram muitas as fases de mudança pelo qual já tivemos de passar.
5 anos de partilhas, entre voluntários e utilizadores.
5 anos de alegrias, quando nos deparamos com um sorriso aberto que espera por nós.
5 anos de tristezas, quando apesar de todos os esforços de todos vemos alguém partir ...
5 anos de desafios, batalhas travadas, inovação, avanços e retrocessos, crescimento, maturidade e de partilha.
5 anos de credibilidade.
5 anos ÚNICOS.

Parabéns a todos nós!!

domingo, 1 de abril de 2007

Família

Esta semana tivemos que fazer algumas mudanças nas nossas instalações.
Infelizmente alguns colegas não puderam colaborar. No entanto, foi interessante reparar que os que o fizeram (alguns) contaram com a ajuda dos seus familiares.
Não deixa de ser interessante...
Nós que trabalhamos com a população mais vulnerável da cidade temos alguma dificuldade em lidar com a pressão da nossa família.
É pertinente que os nossos familiares queiram o melhor para nós. Sendo que o melhor será um trabalho estável e algum tempo de lazer e de convívio com eles. Logo aí se coloca um entrave - o tempo investido no trabalho de voluntariado.
Já repararam que enquanto voluntários todos clamam a nossa atenção? São os coordenadores dos projectos, os utilizadores, os outros voluntários, os amigos, a família, etc.
Temos de saber gerir muito bem o nosso tempo e a nossa motivação. Temos de lidar com os conflitos inter e intra-pessoais e com a família.
Se por um lado nos apoio e se orgulha do facto de estarmos a exercer uma actividade de voluntariado, por outro cobra-nos mais atenção e disponibilidade de tempo.
É muito complicado para nós lidar com estas questões mas no final - vale sempre a pena.
Vale a pena uma noite mal dormida (depois de termos contactado com a realidade nua e crua dos outros...)
Vale a pena o frio e a chuva (quando em troca recebemos um sorriso aberto)
Vale a pena a confrontação (e ver o outro repensar as suas prioridades)
Vale a pena deixar estar ... (porque um dia, alguém se vai lembrar do que dissemos ou fizemos e vai tentar agir).

Sem a estabilidade e o apoio da família seria muito complicado termos a força suficiente para continuarmos com esta actividade, tantas vezes exigente.

À nossa família,

Obrigada