domingo, 21 de março de 2010

Apontamentos (from Haiti)


Haiti é um país em total caos.
Depois do terramoto a maior parte das infra-estruturas ficaram destruídas e a desorganização impera.
Positivamente fica-se surpreendido quando nos apercebemos que o governo haitiano, em conjunto com a OMS, OCHA e UNICEF está de novo a tomar conta da situação.
Depressa activaram o Plano Nacional de Vacinação, querendo chegar aos 1.400.000 haitianos. Para isso, contam com a colaboração das ONG’s e das estruturas locais ainda existentes. Contam também com os profissionais de saúde que ficaram desempregados bem como com os alunos de medicina e de enfermagem.
A mobilização está a ser global. Até circulam carros na rua a anunciar a vacinação.
As ruas estão apinhadas de entulho. O trânsito é caótico. Está tudo desordenado e o que mais se estranha é que as pessoas passam pelas ruínas como se fosse um obstáculo normal. A vida continua!
Existem vendedores ambulantes a “literalmente” explorarem os seus conterrâneos. Os preços são elevados. É óbvio que quando vêm algum estrangeiro levam mais caro. Os supermercados têm preços elevados. Os valores são apresentados em gourge ou dólares haitianos. E a conversão para dólares americanos varia com o local.
Passam a toda a hora helicópteros e aviões. Já quase não damos conta deles, não fosse o barulho que fazem e que incomoda quando estamos a falar ou a ouvir alguém.
A vida volta ao “normal”. Bancos a abrirem. A Digicel (companhia de telefones) a funcionar. Os postos de telefone são uma bancada com um assistente e um telefone, protegidos por guarda-sol.
Os cabeleireiros/barbeiros abriram e há muita roupa/calçado à venda na rua.
Ainda há muita gente a passar fome. Existem vários campos que ainda não tiveram acesso à alimentação e agora consta que acabarão com a distribuição brevemente...
Sabemos que existem poucos rios – mesmo nenhuns. Por isso, de onde vem a água? A electricidade é por geradores mas e a água?
Como é que as pessoas vão sobreviver? Como vão aguentar sem o país entrar em colapso? Realmente não se sabe. Que muitos mais irão morrer neste pós-terramoto é certo. Seja por septicemia, seja por falta de alimentação.
Os bens de primeira necessidade são realmente para quem tem algum dinheiro.
Como se arranja dinheiro? Pede-se, trabalha-se nos locais que já retomaram a sua actividade – nomeadamente as fábricas e trabalha-se para as ONG’s. 
Em segundo lugar está a saúde e a educação.
Já existem autocarros-escola a serem preparados para dar aulas mas ainda estão nos grandes parques.
Os hospitais já retomaram as suas actividades – na sua maioria; mas sem infra-estruturas. São apenas tendas. Mas já existe a maioria das especialidades – até diálise já há!
Os órfãos. Não é fácil para as crianças nem para quem lida com eles. Todos os dias contactamos com mais órfãos.

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