quinta-feira, 13 de setembro de 2007

NA PELE DE UM SEM-ABRIGO

É sempre muito difícil para um voluntário, por mais experiência que tenha, colocar-se na pele de uma pessoa sem-abrigo, principalmente por já ter consolidade a sua própria personalidade e estrutura familiar.
Na minha modesta opinião, embora seja uma palavra que define uma situação, esta inclui duas formas completamente opostas em que uma é naturalmente maioritária em relação a outra, mas que existem, e das quais não nos podemos alhear.
Existe a pessoa sem-abrigo que pelas contingências da vida, familiares ou laborais, vão parar a rua contra a sua vontade e existe a pessoa sem.abrigo que por sua própria opção e comodidade na sua maneira de ver a vida escolheu esta situação.
São casos que devem ser tratados e apoiados com uma sensibilidade diferente, porque os objectivos de cada um não são os mesmos.
Depois desta minha opinião respeitante ao conceito de pessoa sem-abrigo e falando na sua grande maioria que é o que se encontra na situação contra a sua vontade, é natural que vendo-se completamente abandonados pela Sociedade e muitas vezes sendo-lhe negada a ajuda que necessita procure algo que lhe faça esquecer a trágica situação em que está e normalmente existem duas companhias que mais tarde ou mais cedo, quase sempre empurrados por terceiros, os vão AJUDAR a esquecer e que são duas companhias que se tornam inseparáveis - DROGA/ÁLCOOL.
É nessa trágica situação em que estas pessoas - que fazem parte da Sociedade em que vivemos - normalmente acabam por cair.
Muitas destas situações poderiam ser resolvidas e, pessoas que o desejam, recuperadas se houvesse uma Segurança Social mais activa e com mais meios para que essa ajuda fosse mais longa no tempo de desintoxicação para que a recuperação pudesse frutificar.
Sou com muito orgulho voluntário dos MDM e no terreno tento com a ajuda de todos os elementos das equipas de rua remediar o melhor possível a situação deplorável em que estas pessoas se encontram.
Para isso contamos com a fabulosa equipa do CASSA, onde médico, psicólogo, enfermeiro e assistente social, tentam encaminhar e ajudar quem precisa e essencialmente quem quer para a possível solução dos seus problemas.
Não é tarefa fácil e normalmente por falta de meios e ajuda das entidades oficiais são mais as derrotas do que as vitórias, mas a vontade e o altruísmo de todos os voluntários e equipa de apoio não permitirá a desistência, e por isso o Projecto Porto Escondido sem desfalecimentos e com uma vontade férrea de todos os seus elementos vai continuar para o bem de alguns que esquecidos por tantos nunca serão esquecidos pelos MDM.
Autoria: João Sá