domingo, 1 de abril de 2007

Família

Esta semana tivemos que fazer algumas mudanças nas nossas instalações.
Infelizmente alguns colegas não puderam colaborar. No entanto, foi interessante reparar que os que o fizeram (alguns) contaram com a ajuda dos seus familiares.
Não deixa de ser interessante...
Nós que trabalhamos com a população mais vulnerável da cidade temos alguma dificuldade em lidar com a pressão da nossa família.
É pertinente que os nossos familiares queiram o melhor para nós. Sendo que o melhor será um trabalho estável e algum tempo de lazer e de convívio com eles. Logo aí se coloca um entrave - o tempo investido no trabalho de voluntariado.
Já repararam que enquanto voluntários todos clamam a nossa atenção? São os coordenadores dos projectos, os utilizadores, os outros voluntários, os amigos, a família, etc.
Temos de saber gerir muito bem o nosso tempo e a nossa motivação. Temos de lidar com os conflitos inter e intra-pessoais e com a família.
Se por um lado nos apoio e se orgulha do facto de estarmos a exercer uma actividade de voluntariado, por outro cobra-nos mais atenção e disponibilidade de tempo.
É muito complicado para nós lidar com estas questões mas no final - vale sempre a pena.
Vale a pena uma noite mal dormida (depois de termos contactado com a realidade nua e crua dos outros...)
Vale a pena o frio e a chuva (quando em troca recebemos um sorriso aberto)
Vale a pena a confrontação (e ver o outro repensar as suas prioridades)
Vale a pena deixar estar ... (porque um dia, alguém se vai lembrar do que dissemos ou fizemos e vai tentar agir).

Sem a estabilidade e o apoio da família seria muito complicado termos a força suficiente para continuarmos com esta actividade, tantas vezes exigente.

À nossa família,

Obrigada

2 comentários:

Anônimo disse...

eu percebi a mensagem estava espectacular

Salgueirista em qualquer lugar disse...

Eu diria que é esse lado psico-afectivo (esse chavão também se aplica aqui e não apenas aos utilizadores!) que, pelo menos no meu caso, contribui em muito boa medida para manter o nível. Se não fosse o apoio familiar e de pares, como, em tantas circunstâncias, persistir? Acho, contudo, que a família/pares deve ser convidada a participar na vida da organização, pois, antes (sequer!) de ambicionar «sensibilizar» toda uma sociedade, parece-me importante pensar nos que connosco coabitam/convivem.